
Uma notícia, um programa televisivo, ou de rádio, pode não ter conteúdo de interesse, mas como é composta pelo senhor jornalista X, e apresentado por locutores simpáticos, bonitos e bem humorados, cativa o público a ler, ver e ouvir, influenciando-o na sua forma de pensar e agir.
Quando por algum motivo fico em casa, ligo a televisão e começo por correr os canais televisivos, noto que os canais generalistas portugueses praticamente têm o mesmo tipo de programas com conteúdos extremamente pobres. Curiosamente todos os canais generalistas apresentam à mesma hora programas que, depois de vistos e analisados, vão todos bater ao mesmo. Exploram de uma forma sensacionalista os problemas de pessoas (mais ou menos) desfavorecidas pelo destino. Ora são mulheres que são mal tratadas pelos maridos, ou vice-versa. Ora são casais de namorados felizes, e que ao lhes sair o euro milhões encontram motivos para se chatear, já para não falar da senhora apanhada um sem número de vezes a conduzir sem carta de condução. Tudo serve de mote para horas vazias de qualquer tipo de substância ou conteúdo, mas que captam as audiências sedentas da desgraça alheia.
Embora certos temas possam contribuir positivamente para influenciar algum tipo de público, alertando-o para corrigir certas atitudes, a maior parte destes programas explora estas temáticas na luta desenfreada pelas audiências de forma fácil e fortuita, remetendo o dever de formação e informação para planos inferiores.
Afinal, tudo isto funciona num ciclo vicioso onde as audiências e os lucros publicitários são inversamente proporcionais aos padrões de qualidade mínimos exigidos a quem tanta responsabilidade tem na construção da opinião pública.